O jovem Saul viveu num período turbulento da história de Israel. A opressão filisteia reduzira a nação a uma condição militarmente incapacitada, e os amonitas sob o rei Naás ameaçavam com agressão. Samuel julgara Israel de modo fiel, eis que seus filhos eram perversores da justiça. Encarando a situação de um ponto de vista humano, e, portanto, perdendo de vista a capacidade de Deus para proteger seu povo, os anciãos de Israel dirigiram-se a Samuel com o pedido de que lhes designasse um rei.
Deus dirigiu o assunto de modo a propiciar a ocasião de Saul ser ungido rei. Saul, com seu ajudante, procurava as jumentas perdidas de seu pai. Visto que a busca se mostrou infrutífera, ele decidiu voltar para casa. Mas, seu ajudante sugeriu que procurassem obter a ajuda do “homem de Deus”, de que se sabia estar numa cidade próxima. Isto resultou em Saul conhecer Samuel. Na sua primeira conversa com Samuel, Saul mostrou ser homem modesto. Samuel, depois de tomar uma refeição sacrificial com Saul, continuou a conversar com ele. Na manhã seguinte, Samuel ungiu Saul como rei. Para confirmar que Deus estava com Saul, Samuel deu-lhe três sinais proféticos, que todos se cumpriram naquele dia.
Mais tarde, em Mispá, quando Saul foi escolhido rei por sortes, ele, acanhado, escondeu-se entre a bagagem. Quando foi encontrado, foi apresentado como rei, e o povo gritou com aprovação: “Viva o rei!” Escoltado por homens valentes, Saul retornou a Gibeá. Embora homens imprestáveis falassem mal dele e o desprezassem, Saul ficou calado.
Cerca de um mês mais tarde, segundo a versão da Septuaginta grega e do Rolo do Mar Morto, o rei amonita Naás exigiu a rendição de Jabes de Gileade. Quando mensageiros trouxeram a notícia a Saul, o espírito de Deus tornou-se ativo nele. Ele ajuntou rapidamente um exército de 330.000 homens e o conduziu à vitória. Isto resultou no fortalecimento da posição de Saul como rei, o povo até mesmo demandando que aqueles que haviam falado contra ele fossem mortos. Mas Saul, reconhecendo que foi Deus quem concedeu a vitória, não consentiu que tal acontecesse.
Saul tomou medidas para romper o poder dos filisteus sobre Israel. Escolheu 3.000 israelitas, colocando 2.000 sob as suas ordens e o restante sob as ordens do seu filho Jonatã. Evidentemente, atuando sob a direção do pai, Jonatã golpeou a guarnição dos filisteus que havia em Geba”. Em retaliação, os filisteus reuniram uma poderosa força e passaram a acampar-se em Micmás. Saul se retirara de Micmás para Gilgal, no vale do Jordão. Ali esperou sete dias por Samuel, que não veio no tempo marcado. Temendo que o inimigo caísse sobre ele quando ainda não havia conseguido a ajuda de Deus e que uma demora maior resultasse em perder seu exército, Saul ‘constrangiu-se’ para oferecer o sacrifício queimado. Quando Samuel chegou, condenou a ‘atuação néscia’ de Saul como desastrosa. Pelo visto, o erro de Saul consistia em ele oferecer o sacrifício e em não obedecer ao mandamento divino, dado por meio do Seu representante Samuel, aguardando dele o sacrifício.
No decorrer da campanha contra os filisteus, Saul proferiu uma maldição sobre todo aquele que comesse alimentos antes de se executar a vingança no inimigo. Este juramento precipitado teve consequências adversas. Os israelitas cansaram-se, e, embora triunfassem sobre os filisteus, sua vitória não foi tão grande como poderia ter sido. Famintos, não tomaram tempo para sangrar os animais que depois abateram, violando assim a lei de Deus a respeito da santidade do sangue. Jonatã, não tendo ouvido o juramento do pai, comeu mel. Por isso, Saul proferiu a sentença de morte sobre ele.
A morte de Saul. No conflito subsequente com os filisteus, Saul foi ferido no monte Gilboa e três filhos dele foram mortos. Visto que seu escudeiro se negou a matá-lo, Saul lançou-se sobre a sua própria espada. Cerca de três dias depois, um jovem amalequita veio a Davi, gabando-se de ter matado o rei ferido. Era uma mentira, destinada a granjear o favor de Davi. Davi, porém, ordenou que o homem fosse executado à base da sua afirmação, pois Saul havia sido um ungido de Deus. No entanto, os filisteus penduraram os cadáveres de Saul e de seus três filhos na muralha de Bete-Sã. Homens corajosos de Jabes-Gileade, porém, retiraram os cadáveres, queimaram-os e enterrando os seus ossos.