Bolsonaro teve 43% dos votos válidos na eleição presidencial, enquanto a pesquisa do Datafolha divulgada na véspera da eleição, com 12,8 mil entrevistados em 310 municípios brasileiros, captava 36% — uma diferença fora da margem de erro de dois pontos percentuais. Em entrevista coletiva na noite de domingo, Bolsonaro afirmou, quando questionado pelos jornalistas, que o resultado da eleição “desmoralizou de vez os institutos de pesquisa” por prever votação menor do que recebeu. “Isso vai deixar de existir, até porque acho que não vão continuar fazendo as pesquisas, esse pessoal”, afirmou.
Em Mato Grosso do Sul, alguns institutos, como Ibrape e Ranking também apresentavam números diferentes na corrida eleitoral ao governo do Estado. Erraram feio, pois o resultado foi outro. André Puccinelli ficou na terceira posição, enquanto o Capitão Contar conquistou o primeiro lugar, com pouco mais de 26% dos votos apurados.
O discurso de aliados de Bolsonaro contra os ‘institutos’ de pesquisa tem sido reforçado por muitos outros apoiadores do presidente nas redes sociais. Para eles, que acreditam na vitória do presidente, o ‘resultado’ diferente daquele apontado por muitos institutos de pesquisa é o grande destaque do primeiro turno. Veja o caso de São Paulo: foi uma vergonha a pesquisa dos institutos, que apontavam a vitória do petista Haddad. No final da votação, o vencedor nas urnas foi o Capitão Tarciso Freitas, candidato de Bolsonaro. “Isso é uma bandidagem, é uma vergonha. Isso induz, isso influencia, isso é uma covardia.”, diz Silas Malafaia à BBC News Brasil.
A diferença no resultado da disputa presidencial neste ano, além de uma série de resultados surpreendentes nos Estados nas corridas para governador e senador, aumentou a pressão sobre o trabalho dos institutos de opinião, disse o professor de gestão de políticas públicas na USP e pesquisador do eleitorado bolsonarista Pablo Ortellado em entrevista à BBC News Brasil neste domingo.
Finalmente, sobre as pesquisas, afirma Ortellado, que “será necessário rever métodos e fazer discussões entre especialistas para ver o que aconteceu”. Ele afirmou que “alguma coisa aconteceu e é preciso descobrir.”