O ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho afirmou em depoimento que consta do sistema da empreiteira repasse de R$ 500 mil, em 2012, a Delcídio Amaral (MS) após o então senador fazer uma reclamação.
Melo Filho é ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht e fez a afirmação ao prestar depoimento ao Ministério Público no acordo de delação premiada fechado no âmbito da Operação Lava Jato.
O G1 buscava contato com o senador cassado até a última atualização desta reportagem. Delcídio, preso na Lava Jato em 2015, também fechou acordo de delação na Lava Jato.
O que disse o delator
Segundo o ex-dirigente da empreiteira, em “2011 ou 2012”, Marcelo Odebrecht, então presidente da Odebrecht, o pediu que procurasse o senador Romero Jucá (PMDB-RR) para discutir o projeto que acabava com a chamava “guerra dos portos” – a proposta, aprovada em abril de 2012, unificou a alíquota do imposto cobrado sobre produtos importados em operações interestaduais.
À época, Delcídio do Amaral era presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Aos investigadores, Cláudio Melo disse ter recebido um e-mail de Carlos José Fadigas com uma conversa entre ele, Fadigas, e Márcio Faria – ex-dirigentes da Odebrecht que também assinaram acordo de delação na Lava Jato. Neste e-mail, diz o delator, estava descrito que “o senador Delcídio ficou chateado de não ter sido, por algum motivo, contemplado na discussão” sobre o projeto da “guerra dos portos”.
Diante do e-mail, Cláudio Melo diz que marcou uma reunião em São Paulo com Fadigas e Faria na qual foi discutida a “reclamação” de Delcídio.
“Delcídio do Amaral estava em São Paulo e Márcio ligou para ele, ele estava no hotel Unique. Eu fui ao encontro dele [ex-senador], disse que o Márcio Faria me pediu para ir para a reunião […] e que eu estava ali – conforme Márcio pediu – para pedir desculpas por não tê-lo procurado, mas que a desculpa não era tão forte porque não via razão para tanto, mas que Márcio fez a ponderação a Fadigas e eles tomaram a decisão de fazer ajuda financeira a ele [Delcídio] e ele agradeceu”, relatou Claudio Melo Filho.
“Consta aqui dos meus dados de colaboração que está no sistema [da Odebrecht] o condimome ‘Ferrari’, [com a data de] 16 de agosto de 2012, no valor de R$ 500 mil”, concluiu Cláudio Melo Filho, explicando que, nas planilhas da empreiteira, “Ferrari” era o condinome para Delcídio do Amaral.