O plenário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul ficou lotado de professores na manhã desta terça-feira (27). Os educadores ocuparam o espaço para pedir respeito à liberdade profissional do ensino em sala de aula, assegurados pela Constituição Federal e pela LDB (Lei de Diretrizes Básicas da Educação).
Além de reforçarem aos deputados que a Carta Magna garante a chamada Liberdade de Cátedra – que garante ser livre ensinar, aprender, pesquisar e pensar nos ambientes acadêmicos –, os professores e entidades sindicais presentes enfrentaram o deputado Rafael Tavares (PRTB) por ataques feitos contra a classe nos últimos dias.
É que o parlamentar divulgou vídeos feitos dentro de salas de aulas, onde uma professora explicava diferenças entre as definições de gênero biológico, e outra falava da extrema-direita brasileira.
Presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul), Jaime Teixeira afirma que são imagens encomendadas para “desvirtuar o papel do magistério” e transformadas em fake news por Tavares.
“O professor está exercendo o seu trabalho conforme a Liberdade de Cátedra e a LDB permitem, e o parlamentar fica nas redes sociais os atacando moralmente”, afirma Teixeira. Ele cita que o deputado fez o mesmo com professores de Porto Murtinho e Aquidauana, antes de ser eleito ao cargo político.
Ainda na avaliação do presidente da Fetems, a publicação dos vídeos demonstra ignorância quanto às leis que respaldam o ensino e tem por trás tentativa de requentar o Projeto Escola sem Partido da extrema-direita, renomeado pelos professores como Lei da Mordaça. “Foi arquivado em todas as Casas de Lei e ele tenta requentar. Isso chega num limite que tem preocupado o professor em sala de aula, que acaba intimidado de atuar conforme as leis permitem, com liberdade de ensinar. Queremos ‘dar um chega'”, pontua Teixeira.
Confusão – Uma das professoras que virou alvo do parlamentar do PRTB, Luciana Zambilo, foi à manifestação.
O que foi dito confunde opinião com ensino, começa a educadora. “Primeiro, eu gostaria de dizer que o deputado é muito equivocado quando ataca os professores, porque confunde opinião com aquilo que está disposto na legislação, que é função do professor dentro da sala de aula”.
Como professora, ela explica que constantemente se depara com assuntos que criam embates com o grupo político do qual Tavares faz parte. “Quando nós fazemos emissão de opinião, nós deixamos claro aos alunos que é opinião. Ocorre que nós temos que tratar muitos assuntos, e alguns, infelizmente, acabam confrontando com as ideologias dessa bolha”.
Outro lado – O deputado Rafael Tavares chamou os manifestantes de militantes políticos. “Eu não classifico nem como professores”, afirmou. No vídeo abaixo, eles se manifestam contra o parlamentar.