O sargento Diego Pereira da Silva Santos, do Corpo de Bombeiros, confirmou que este homem que aparece na foto em uma das janelas do edifício Wilton Paes de Almeida é Ricardo, o morador que ele tentou resgatar do incêndio e que acabou sumindo sob os escombros do prédio desabado.
À produtora da RecordTV, Marcella Larocca, o sargento disse ter certeza tanto pelas tatuagens, como pelo olhar, que se trata da única vítima oficialmente considerada desaparecida na tragédia do Largo do Paissandu.
“Estava muito escuro, mas é quase impossível esquecer este olhar”, disse o sargento Diego.
“Escutei ele gritando por socorro”, diz bombeiro que tentou resgate
Ricardo tinha 40 anos e acabou ficando preso dentro do prédio em chamas em uma das muitas vezes que entrou para ajudar a resgatar vizinhos. Em uma das vezes, foi visto carregando quatro crianças.
Segundo o auxiliar de limpeza Cosme Alexo da Silva, 53 anos, que mora em uma ocupação vizinha, Ricardo teria ido do 7º para o 8º andar para ajudar duas crianças gêmeas e a mãe delas, uma coletora de material reciclável identificada como Selma. Moradores acreditam que a mulher e as crianças também estão no meio dos escombros.
“Eu espero que agora que divulgou quem ele é, a família apareça”, disse Rauan.
Ricardo teria uma irmã que trabalha em uma lanchonete no Centro, mas ainda não foi localizada. Ele também teria 7 filhos — 6 meninas e 1 menino.
“Eu conhecia ele porque a gente trabalhava junto. Fazia carga e descarga e contêiner, com coisas da China, bolsa, brinquedo, essas coisas”, conta Rauan. “Segunda mesmo a gente descarregou um caminhão na 25 de março.”
De acordo com Cosme, Ricardo era “uma pessoa trabalhadora, que vivia de casa para o serviço, nunca via ele na ocupação”. O auxiliar de limpeza conta que a vítima do incêncio saía de casa no fim de tarde, buscava seu companheiro de trabalho na outra ocupação e ia para o serviço.
Pelas fotos em seu perfil no Instagram, Ricardo era um apaixonado por patins. São várias fotos e vídeos dele e amigos patinando. Em um dos posts, Ricardo aparece patinando dentro de um vagão do metrô. Ele cai, rindo muito, e vários amigos brincam com ele.
“Ele gostava muito de plantas. O apartamento dele era cheio de plantas. E de gatos”, contou Rauan.
Ricardo também gostava de fotografar paisagens, como do Parque do Ibirapuera e da janela do prédio que, tragicamente, desabou sobre ele segundos antes de o sargento Diego conseguir resgatá-lo.