Walid Z Walid Zenab, 36 anos, já está com passagens compradas para o Líbano. “Vou pra ficar. Não volto mais”, contou o libanês, que fechará, em breve, sua loja de eletrônicos, inaugurada há oito anos em Pero Juan Cabalero, no Paraguai. Dois dos três funcionários já foram demitidos. Com isso, Zenab intensifica duas estatísticas: a de demissões de trabalhadores e a de fechamentos de lojas.
Durante o ano passado, 120 estabelecimentos comerciais fecharam as portas e cerca de 3 mil profissionais do setor ficaram desempregados em Pedro Juan. No lado brasileiro da fronteira, os números também são críticos, com queda no movimento de clientes que chega a 83%. Esse cenário decorre da associação de dois fatores: a disparada do dólar e a retração da economia do Brasil.
A loja de Zenab é a única aberta em um quarteirão inteiro. “Doze lojas estão fechadas”, contou o libanês sobre os estabelecimentos vizinhos, alguns com placas de “Alquilo” (“Aluga-se”). “Também vou fechar a minha. Não vendo mais quase nada e o aluguel continua caro. Era R$ 6 mil e, agora, está R$ 4 mil. Mas continua caro”, reclama. Zenab chegou a vender R$ 10 mil por dia. “Hoje vendo de R$ 200 a R$ 400”, comparou. A retração, neste caso, é de 98%.