O que começou com um hobby lá em 2006, com fotos de filhos de amigos, foi ficando sério, virando trabalho e agora ganhou reconhecimento internacional. Vencedora em duas das quatro categorias do prêmio anual da Associação Internacional de Fotógrafos Profissionais de Nascimento, o mais importante do segmento, com profissionais de 42 países, a fotógrafa brasileira Daniela Justus já contabiliza 179 partos fotografados.
Ela foi premiada com duas imagens bem marcantes e bem diferentes entre si. Na categoria Detalhes do Nascimento, Daniela conquistou o prêmio com a imagem de um irmão que manda um beijo, pelo vidro da maternidade, para a irmãzinha recém-nascida. “É um pai apresentando a filha, Isabela, para o Davi, que é o irmão. E foi muito fofo, porque ele tenta dar um beijo na irmã pelo vidro”, contou.
O outro prêmio, na categoria Nascimento, foi para uma foto que pode causar aflição em quem não está acostumado a esse tipo de imagem – como, aliás, várias fotos do trabalho quem registra partos. É um “bebê empelicado”, como são chamadas as crianças que nascem dentro da bolsa gestacional. É um caso raro, que costuma ocorrer uma vez a cada 80 mil nascimentos.
“Ele nasceu dentro do saco gestacional. Era um parto de gêmeos. Esse foi o segundo bebê. Foi incrível. Ele nasceu e estava o saco intacto. A posição era interessante porque ele estava com o pezinho colado, dava para ver muito bem e ele estava dormindo. Estava muito plácido”, disse a fotógrafa, destacando a crença de que as crianças que nascem assim terão sorte na vida.
Lidando com mães e gestantes o tempo todo, Daniela está acostumada com imprevistos. Está acostumada a ser acordada durante a madrugada, já testemunhou crianças fazendo xixi nas mães logo ao nascer e gente gritando nome de time de futebol durante o nascimento.
E, como nem sempre os partos acontecem nas datas previstas, sua rotina é não ter muita rotina. “Tem semana que não tem [parto] nenhum, mas tem semana que tem quatro”, conta ela.
Mudança de carreira
Formada em Tecnologia da Informação com mestrado em Administração de Empresas e Marketing, ela trabalhou em grandes empresas mas diz que não se identificava com a cultura corporativa.
“Eu sempre tive vontade de fazer outra coisa e, nesse processo, eu comecei a fazer fotografias como hobby”, explicou Daniela.
Ela conciliou as duas carreiras até ir morar em Londres com o marido, em 2007. Ao chegar lá, ela decidiu trabalhar somente com fotografia. Ao voltar ao Brasil, em 2011, passou a registrar nascimentos com mais regularidade e se especializou nisso. Daniela acredita que a experiência na carreira anterior a ajudou a garantir o sucesso na nova profissão.
Menção honrosa
Fotógrafa há 20 anos, Lela Beltrão conquistou menção honrosa no mesmo concurso com a imagem de um parto pélvico, que é quando o bebê permancece sentado na barriga da mãe – geralmente os bebês ficam de cabeça para baixo quando se aproxima o momento do parto.