Quero aprender arvorês.
Quem fala o idioma das árvores encaulece
e cria raízes profundas;
beija a terra úmida;
nunca briga com passarinhos;
sorve o pó da essência;
enamora o tempo,
não envelhece a alma;
aproveita da chuva o néctar do céu.
O rugido do trovão desperta do marasmo.
Os fios louros da cabeleira solar resplandecem felicidade
e trazem esperança.
E esta, a esperança,
é a bailarina que dança
nas cachoeiras do ribombar cósmico
e agita os espíritos rumo ao infinito
espelhado no amor.
E o universo é menor que o amor.
O universo é filho dele,
fruto de um ósculo de luz que soprou vida
e criou as borboletas, os colibris,
o carvalho e os riachos…
A água que brota do chão é amor líquido.
É vida e verbo,
eternidade instantânea,
como a do poeta que abraça seus versos
e vive neles,
mas não é correspondido,
pois amor não tem dono,
amor é livre e voa com os beija-flores,
cava com as minhocas,
nada com os peixes
e sossega com o vento,
sedento,
num balé contínuo,
rítmico,
estupendo!
*João Linhares, Promotor de Justiça do Ministério Público de MS. Integrante da Academia Maçônica de Letras de MS. Mestre em Garantismo e Processo Penal pela Universidade de Girona (Espanha). Especialista em Controle de Constitucionalidade e Direitos Fundamentais pela PUC-RJ.