1, ROMANCE COM O IMPERADOR
Domitila de Castro do Canto e Mello, mais conhecida como Marquesa de Santos, foi a amante mais famosa do imperador Dom Pedro I. Entre os diversos casos extraconjugais do imperador, a relação com a Marquesa foi a que mais se destacou, apesar dela nunca ter sido reconhecida como esposa.
O relacionamento entre ela e Dom Pedro começou em 1822 e terminou em 1829, sete anos registrados em mais de duzentas cartas de amor e confidências.
- O TRIÂNGULO AMOROSO COM A IRMÃ
Dom Pedro I teve um relacionamento extraconjugal com as duas irmãs, Maria Domitila de Canto e Melo, a Marquesa de Santos, sua amante oficial, e Maria Benedita de Canto e Melo, a baronesa de Sorocaba.
O ápice do conturbado triângulo amoroso do imperador aconteceu em 1827, quando a baronesa foi atacada a tiros enquanto passava de carruagem pela Ladeira da Glória, no Rio de Janeiro. Ela saiu ilesa, mas a notícia se espalhou por toda a corte e logo foi divulgado que a mandante do atentado seria sua irmã, a própria Marquesa de Santos.
- CONFUNDIDA COM PROSTITUTA
Querendo conhecer a Corte Imperial mais de perto, Domitila passou a frequentar ambientes nobres. Entre eles, estava o Teatro da Constituição, onde ela acabou sendo barrada por ser confundida com uma prostituta.
Não se sabe ao certo o motivo da confusão, sejam os trajes diferentes daqueles vestidos pelas mulheres da realeza ou a forma de se portar de Domitila. O que sabemos é que o Imperador imediatamente mandou que as cortinas do teatro fossem descidas e que encerrou a apresentação. Desta forma, a honra e orgulho da mulher poderiam ser preservados.
- AS CARTAS
Durante o tempo que ficavam separados, D. Pedro I e sua amante conversavam através de cartas escritas entre 1823 e 1828. O homem assinava como Fogo Foguinho e, durante os sete anos do romance, escreveu 143 cartas a ela.
Além das demonstrações de libido e ciúmes, por exemplo, há trechos de descontração hilariantes e reclamações mundanas que trazem uma perspectiva diferente de um dos casos amorosos mais famosos da História brasileira. As correspondências também estão recheadas de arroubos imperiais de paixão e até detalhes sobre a saúde do pênis do imperador.
- RELACIONAMENTO ABUSIVO
A famosa Marquesa de Santos foi vítima de violência doméstica em seu casamento. Seu primeiro marido, no ápice do abuso, chegou a esfaqueá-la em praça pública. Diante disso, numa atitude à frente do seu tempo, pediu o divórcio, já sendo amante do imperador Dom Pedro I quando o pedido lhe foi concedido.
- SOLAR DA MARQUESA
Retornando a São Paulo após o término com o imperador, ela adquiriu, em 1834, um casarão na atual Rua Roberto Simonsen, no centro da cidade. Sua casa se tornou o centro da sociedade paulistana, com saraus literários e grandes bailes de máscaras. Hoje em dia, o Solar da Marquesa é a sede do Museu da Cidade de São Paulo, onde ainda são feitas inúmeras exposições culturais.
O Solar é avaliado como o único exemplar da arquitetura residencial do século 18 na cidade de São Paulo. Sendo o último remanescente, ele é o mais antigo e o principal modelo de como eram as casas paulistanas na época. Mesmo tendo sofrido inúmeras alterações e algumas restaurações, o casarão ainda mantém características que possuía quando a Marquesa ainda morava no edifício.
- SENHORA CARIDOSA
Durante a velhice, a ex-amante se tornou uma senhora caridosa e muito devota, que socorria os desamparados, protegia os famintos e ajudava estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Talvez tenham sido esses os motivos que levaram algumas pessoas a considera-la uma espécie de santa.
Em sua nova fase, seria uma figura importante da sociedade paulistana, protegendo estudantes e artistas e promovendo saraus em seu solar. Morreu vista como patrona das artes e da educação na cidade de São Paulo. Também se dedicou a obras filantrópicas, protegendo pobres e indigentes.
- SEPULTADA EM SÃO PAULO
Domitila foi sepultada no cemitério da Consolação, em um túmulo onde também estão os corpos de seu irmão mais novo, Francisco; de sua filha com o Imperador, Maria Isabel; e de Felício, filho de seu primeiro casamento. As reformas de sua lápide foram curiosamente bancadas por Mario Zan, sanfoneiro e devoto da Marquesa. Ele cuidou do jazigo durante muitos anos e, após morrer, foi sepultado em um túmulo diante de Domitila.
O túmulo ainda recebe flores frescas de pessoas que a consideram uma espécie de santa. Entre as lendas, está a de que ela protege as prostitutas da cidade — e, por ter conseguido se casar novamente e reestruturar sua vida após romper com o Imperador, — Domitila virou inspiração para moças que queriam um bom parceiro.
INFORMAÇÕES SOBRE A PRINCESA LEOPOLDINA
Depois de desmitificar a figura de D. Pedro, a coleção “A História não Contada” apresenta a imperatriz D. Leopoldina. Conhecida no imaginário brasileiro como o vértice frágil do mais célebre triângulo amoroso da história do Brasil. Maria Leopoldina sofreu diante do escândalo que foi o relacionamento do marido com Domitila de Castro, a futura marquesa de Santos. Mas sua trajetória revela muito mais do que a mulher traída à luz do dia. Nascida na Áustria, culta e refinada, ela deixou a Europa em 1817 para uma aventura transatlântica e se tornou uma estrategista política fundamental no processo de Independência. A biografia de Leopoldina, no entanto, ainda parece distante da maioria do povo brasileiro. Sua figura complexa e carismática, sua vida intensa e breve, sua combinação de temores e coragem, força e fragilidade, são nuances reveladas e descritas pelo escritor e pesquisador Paulo Rezzutti no livro “História não contada”.