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04/10/2024
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    “É preciso respeitar cada fase de estudo”, diz professor sobre a cloroquina

    O surgimento de doenças sempre coloca em alerta cientistas no mundo todo para descobrir um tratamento ou cura. Não é diferente com a pandemia da COVID-19, que já infectou mais de 1 milhão de pessoas em todos os continentes e matou, até o momento, mais de 65 mil. Porém, a descoberta de vacinas e medicamentos eficazes para o tratamento e futuro combate à doença pode levar mais de um ano e meio, para somente depois poder ser liberada para todos. O motivo é simples: é necessário e importante esperar um tempo para que seja descoberta e testada a real eficácia e os possíveis efeitos colaterais.

    “Atualmente possuímos inúmeras pesquisas em andamento. As mais avançadas indicam que alguns antimicrobianos já utilizados em outras patologias podem apresentar ação positiva no tratamento do COVID-19”, explica o professor André Luiz de Moura, coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo São Paulo, sobre os estudos com cloroquina e a hidroxicloroquina (utilizados no tratamento para doenças reumáticas e de pessoas com malária), com a Interferon-Alfa (usado pra tratar casos de hepatite), lopinavir-ritonavir (empregados para retrovírus como o HIV), Ribavirina e Arbidol (empregados para infecções virais), e a associação de hidroxicloroquina e azitromicina.

    Um dos mais famosos até o momento, a cloroquina era facilmente encontrada em farmácias. Mas a procura desenfreada pelo medicamento fez com que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) o colocasse na lista de medicamentos controlados, e que só pode ser adquirido em drogarias e farmácias de manipulação com a prescrição em duas vias de um receituário médico.

    “Devemos lembrar que estes medicamentos fazem parte de um grupo de substâncias denominadas de quimioterápicos e que podem promover inúmeros efeitos adversos. A cloroquina, por exemplo, pode desencadear anemia, urticária, broncoespasmo, anorexia, psicose, comportamento suicida e muitos outros”, continua o professor, que salienta sobre o risco da automedicação e alerta para o fato dos estudos ainda não serem conclusivos para o tratamento ou prevenção da COVID-19.

    “É importante termos cautela e respeitarmos os tempos de cada fase de estudo. Já tivemos no passado inúmeros exemplos de situações onde os prazos não foram respeitados e surgiram complicações significativas após a liberação do medicamento”, comenta André, que relembrou sobre o famoso caso do medicamento talidomida, responsável pela má-formação de milhares de crianças após sua introdução na década de 1950.

    “O mundo todo está se unindo em uma força tarefa gigantesca para concluírem o mais rápido possível as análises”, finaliza o especialista.

     

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