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14/09/2024
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    VALE DE RAFAIM

    Vale de Refaim – (Josué 15:8, Josué 18:16). Um vale que desce do sudoeste de Jerusalém até o Vale de Elá. É uma antiga rota da planície costeira das colinas da Judeia, nomeado provavelmente após a lendária corrida de gigantes.

    Quando Davi tornou-se rei sobre toda Israel, os Filisteus, julgando que ele se tornasse seu pior inimigo, fez um ataque repentino em busca dele. Ele desceu à “fortaleza” (2 Samuel 5:17-22), e os filisteus tomaram sua posição no vale de Refaim, no oeste e sudoeste de Jerusalém, ficando a comunicação entre Belém e Jerusalém interceptada. Enquanto Davi e seu exército estavam acampados ali, ocorreu esse incidente narrado em 2 Samuel 23:15-17. Obtendo direção divina, Davi liderou seu exército contra os filisteus e obteve vitória total sobre eles. O cenário desta vitória foi posteriormente chamado de Baal-Perazim. Num segundo momento, contudo, os filisteus reuniram suas forças neste vale (2 Samuel 5:22), e novamente orientado pela resposta divina, Davi liderou seu exército para Gibeá e atacou os filisteus do sul, infligindo-lhes uma outra grande derrota e perseguindo-os com grande matança de Gezer. Davi manteve em xeque esses inimigos de Israel.

    CASO DO PASTOR LUIZ ANTÔNIO

    Veio-me à mente a pregação do pastor Luiz Antônio, que morreu no acidente da TAM. Passei dias me perguntando o que teria sido aquilo: premonição, retrocognição ou viagem astral? Só agora a mensagem dele faz sentido. Sim, porque enquanto me detive apenas na mensagem que falava dos corpos enrolados, me esquecendo de algo que ficou no meu subconsciente, e no “subconsciente de todos os mais de 500.000 curiosos” que foram ver a pregação emocionada da mensagem que o espírito de Deus deixou pra ele. “Ora um pouco mais; Consagra um pouco mais”. E ele nos alertou que paira sobre as igrejas da nação brasileira um cansaço, um desânimo… homens de Deus desanimados, alquebrados; uma fadiga espiritual. Ele recomenda um pouco mais de esforço, um pouco mais de determinação. “…porque estamos no Vale de Refaim, onde enfrentamos gigantes, uma força monstruosa, antinatural. Assim sendo, devemos estar vigilantes para o perigo.”

    A primeira vez que ouvi isso achei graça por conta do nome, da imagem evocada do Velho Testamento e,  automaticamente, associada à menina pastorinha, mas agora a coisa toda entrou em perspectiva. A pregação não foi dirigida ao público, e sim, aos pastores! Ele se virava pra falar com eles, os líderes espirituais em geral. Então, esse alerta serve especialmente para nós, que somos mais ou menos os “donos do nosso próprio nariz” em termos espirituais, e que estamos nos sentindo “esmagados”, fragilizados pelo peso de tanta iniquidade, tanta injustiça, tanta violência! Seja qual for nossa orientação religiosa, ou mesmo não-religiosa, apenas ética, estamos lutando contra gigantes.

    Somos um país onde as pessoas não parecem pensar em Deus, em suas ações. Talvez até estejamos em um mundo sem Deus no coração. Seria ótimo se fosse como na música de John Lennon, só que tiraram a moral das religiões de cena e deixaram as guerras, os países, as promessas e repressões religiosas, como o paraíso das mil virgens e o inferno católico (restaurado recentemente). Até pouco tempo a Igreja Católica fazia um papel social muito bom em “ancorar” as comunidades em torno da religião. E isso ainda pode ser visto nas cidades do interior. Elas são formadas, geograficamente, em torno da Igreja, que contém uma praça, onde toda a cidade se reúne pra comprar, conversar, festejar e, ouvir o sermão, onde o padre dá o rumo, a palavra certa para aquela cidade, inspirado por Deus, como deve ter feito Anchieta/Emmanuel, desde a fundação da cidade de São Paulo. Todos os aspectos da personalidade são trabalhados e exercidos no centro da cidade, onde há o intercâmbio, a troca, sob as asas de uma religião. A imoralidade (no seu sentido mais abrangente), sempre existiu e vai continuar existindo, mas antes era oculta, segregada, não apenas para se manter um verniz de falsidade (o esteriótipo do padre que vai consolar a viúva), não surgiu da imaginação de nossos literatos, mas por respeito à coletividade, a um ambiente saudável, onde se pudesse criar seus filhos. Um cidadão me disse que mesmo os bares e gafieiras, onde os “malandros” dominavam, e as mulheres de reputação duvidosa iam se divertir. Respeitavam os horários da missa, e só quando o padre dava as badaladas no sino, que se podia começar a vida noturna. Não estou sendo saudosista, isso nem é do meu tempo. Não quero que isso volte, mas pensem na mentalidade, na simplicidade lógica, do respeito mútuo entre partes antagônicas, luz e sombra! Quando você vê o filme “Autos da Compadecida” com aquele matador altamente religioso, aquilo existia mesmo. São âncoras da consciência que, mal usadas, podem atrasar nossa viagem ou impedí-la completamente. E isso se reflete em nossos relacionamentos, sem compromisso, sem moral, sem regras. O “ficar” indiscriminado é apenas um reflexo das nossas relações sociais. O “Deus” da classe média/alta são as drogas. O “Deus” do nosso país é o governo. Esperamos que ele faça tudo por nós, nos conserte. Não percebemos que somos nós, como sociedade, que estamos quebrados. O Governo é um reflexo de nós mesmos, do cada um por si, sem compromissos. O Congresso Nacional é de fato, nossa cara, a “casa do povo brasileiro”. A TV nos faz o maravilhoso “favor” de irradiar uma vida individualista e consumista para todos os grotões do Brasil. Não se fala mais de ética ou de moral na TV. Não precisamos nos unir pra criar ou consertar nada, apenas procurar um culpado e xingá-lo, e poder dormir com a sensação de dever cívico cumprido. A culpa pelo ovo de Ipanema não é da Narcisa ou do Boni, é de nossa sociedade permissiva, nossa própria estrutura, que possibilita e incentiva que todos nós joguemos “coisas” que temos em excesso uns nos outros, e que certa classe social resolveu materializar de forma mais contundente, em cima dos outros. Será que devemos instaurar uma guerra civil de ovos ou vamos trazer enfim à baila a discussão ética e moral, que independe de religião, mas que, na nossa limitada cabecinha coletiva, ainda precisa de uma droga de uma âncora do tipo “Jesus, Buda ou Krishna fariam isso?”. É esse o cabresto do qual vos falo. Comecei o texto falando do cabresto político-social do contrato. Só que o contrato idealizado por Rousseau passa por todas essas questões abordadas acima, como se lê: “o que o homem perde pelo contrato social é a sua liberdade natural, e o que adquire é a liberdade civil. Distingue-se a primeira que não reconhece limites outros além da força dos indivíduos, da segunda, que está protegida e limitada pela vontade geral”. Se o Estado não provê esse contrato, se ele falha em relação aos seus objetivos, então, segundo Locke, “deve ser dissolvido para que outro se organize”. O problema no Brasil é que o sistema está viciado… ainda mais quando reelegemos peças reconhecidamente defeituosas.

    Zohar diz que “Ai daquele que estiver na era do Messias, e feliz daquele que estiver na era do Messias.” O Pastor conclui seu recado citando Romanos 5:20: “Onde abundou o pecado, superabundou a Graça“.

    Não é hora de desânimo. As melhores oportunidades são criadas exatamente nas horas mais difíceis. Às vezes uma vida toda de pregação para milhares de pessoas de um só credo é destinada a 10 minutos de vídeo que vai ser assistido por 500.000 pessoas às quais ele nunca falaria. É a transformação de Shiva, que poucos entendem e associam a destruição pura e simples. Uma transformação que vem através da dor, do impacto, mas para aqueles que conhecem a Matrix o que se vê é um mecanismo em plena atividade, com alguns códigos aparecendo aqui e ali para o bom observador.

    Adoraria ver cidades criadas em torno de religiões, onde seus habitantes estivessem reunidos por uma afinidade. Uma cidade hinduísta, outra islâmica, outra budista, outra só de filósofos (que não é uma religião mas tem toda uma estrutura moral), todas convivendo dentro do mesmo país, em harmonia uma com as outras. Mas não se põe vinho novo em vaso velho… e como não podemos reconstruir o mundo macro, que tal o micro? Muitas pessoas já vêm fazendo isso, de forma invisível para a maioria. Em Pernambuco, no coração do Recife, reside um núcleo comunitário que, à primeira – e segunda – vista é um favelão: O Coque. Só o nome já causa arrepios nos recifenses, acostumados às notícias sangrentas de jornais da capital mais violenta do Brasil. Uma minoria de delinquente,  transformou o bairro num reduto religioso. São espíritas, budistas, filósofos, umbandistas, hinduístas, católicos e ateus, que não estão lá para provar seus pontos de vista, mas para trabalhar em prol do semelhante. É o NEIMFA (Núcleo Educacional Irmãos Menores de Francisco de Assis), uma ONG que funciona com apoio financeiro vindo do exterior. Como eles não têm problema com Deus, abrem o espaço para deuses hindus, Buda e pro bom e velho Jeová.

    O mundo pode não estar muito legal com as guerras e animosidades criadas em torno de Deus(es). Mas, quando vemos a animosidade continuar sem Ele, e as poucas ações em prol do semelhante, surge uma religiosidade inerente ao aspecto Divino do Ser Humano. Percebemos, então, a necessidade de ter, e sentir Deus em nossa sociedade.

    (Por Acid, www.somostodosum.com.br, com adaptação para o site www.tribunadopovo.com e blog www.recantodoescritor.com.br)

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