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11/10/2024
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    Mundo Novo e Guaíra na rota do contrabando

    Quarta-feira, 15h. Agentes da PF (Polícia Federal) entram em suas potentes lanchas para iniciar mais  uma operação de combate ao contrabando e tráfico no rio Paraná, na fronteira do Brasil com o Paraguai.
    A cerca de 200 m, dois adolescentes observam atentamente a saída da embarcação e usam seus
    smartphones. Pronto, a quadrilha a qual pertencem já sabe que o rio deve ser evitado. É assim todos os  dias.
    Shopping do contrabando tem remédio, pneu e cigarro na fronteira .

    A repressão cresceu, com a criação de uma base naval da PF em Foz do Iguaçu, a construção de uma nova em Guaíra (PR), onde a cena acima foi flagrada, e operações ininterruptas da Receita Federal.
    Mas os contrabandistas têm driblado a fiscalização com a construção de portos clandestinos no lado paraguaio e “fichando” agentes da PF, que têm cada passo vigiado pelo esquema criminoso que envolve mais de 20
    quadrilhas que atuam na região.
    Foi acompanhado  pela reportagem  as   fiscalizações terrestres e aquáticas na região da tríplice fronteira e encontrou portos ilegais sendo feitos no Paraguai e barcos à espera  de produtos contrabandeados para cruzar a fronteira entre os países.
    Só neste ano, foram apreendidas ao menos 140 embarcações nas regiões de  Foz e Guaíra. Com o acirramento da fiscalização em Foz, contrabandistas têm,  cada vez mais, percorrido o rio até a paraguaia Salto del Guairá para desovar
    as mercadorias em território brasileiro a partir de Guaíra ou Mundo Novo  (MS). São 200 quilômetros de distância pelo rio.
    Esqueça, portanto, os sacoleiros, pequenos compradores que estão quase  extintos em Ciudad del Este.
    O contrabando hoje é altamente profissional, inclui monitoramento 24 horas  por dia de cada passo de agentes da PF e existe até relato de elo entre o  Hezbollah, movimento xiita libanês, e a facção criminosa PCC (Primeiro  Comando da Capital).
    VIGILÂNCIA
    “Já apreendemos esses olheiros e no celular deles encontramos nossos nomes,
    placas de carros, endereços e até hábitos. Essa é a maior dificuldade que
    enfrentamos”, disse o agente da PF Pablo Morales, que atua no Nepom
    (Núcleo Especial de Polícia Marítima) de Guaíra.
    A vigilância rende a membros da quadrilha R$ 100 por turno de seis horas. Já
    foram flagrados por agentes até mesmo quando estes buscavam os filhos na   escola.
    Embora a fronteira seja considerada por auditores da Receita e agentes da PF
    como a mais vigiada do país, nenhuma melhoria tem sido suficiente para  acabar com o contrabando na região, justamente pela logística dos  contrabandistas e o baixo efetivo de fiscalização.
    Na própria Ponte da Amizade há vigias do contrabando, chamados por   agentes de “moscas”, que avisam sobre troca de turnos, idas de fiscais ao  banheiro e momentos em que os agentes estão ocupados vistoriando veículos
    -o que significa passagem livre.
    Assim como em Salto del Guairá, em   Foz há ao menos cinco portos ilegais,
    que permitem que veículos cheguem à  margem do rio para carregar. “Para  ficarem mais rápidos, barcos que  passavam com 15 volumes agora  trazem 4.

    FOLHA

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