O Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis) produziu um documentário relatando a situação caótica em 33 delegacias de polícia em Mato Grosso do Sul. O filme será encaminhado para a ONU (Organização das Nações Unidas) e para a OIT (Organização Internacional do Trabalho) com o objetivo de ganhar apoio das entidades internacionais para cobrarem uma solução dos governos federal e estadual.
Uma das unidades que aparecem no vídeo é a de Água Clara , onde ocorreu uma tentativa de fuga na noite de ontem (17). Na ocasião, presos chutaram as grades das celas, mas a Polícia Militar foi acionada e conseguiu conter os detentos. São 20 presos ocupando espaço onde cabem oito.
Para o presidente do Sinpol-MS, Giancarlo Miranda, é necessário que providências sejam tomadas urgentemente. “Lá [delegacia de Água Clara] é um local central da cidade, ao lado de residências. É a quarta tentativa de fuga este ano. No ano passado um policial ficou ferido durante uma fuga de presos. Não queremos que isso seja uma tragédia anunciada”, declarou.
Para se ter uma ideia, somente este ano, já foram registradas cerca de 30 tentativas de fuga em delegacias em MS. “Os presídios, mesmo superlotados, são os locais ideais para os presos”, pontuou Giancarlo.
O principal problema, segundo o sindicato, é a demora na transferência dos presos que estão na delegacia para os presídios. “Eles ficam dois, três meses aguardando vaga”, explica Giancarlo.
Responsável pela delegacia de Água Clara, o delegado Marcílio Ferreira Leite concorda que a superlotação gera uma situação instável. “Os presos de outros estados começam a incitar os demais para causar tumulto para poderem ir para o presídio [onde eles têm mais regalias]”, pontuou.
Em nota, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) informou que, na delegacia de Água Clara, o próprio delegado faz o pedido de transferência para a prisão ao juiz de Três Lagoas e que, somente caso haja negativa ao pedido, é que o caso vai para a Covep (Coordenadoria da Vara de Execuções Penais) para decisão. O órgão afirma que esse processo dura cerca de três dias apenas.