A descida do Espírito dependia da ascensão de Jesus, como Ele declarou: “Eu falo a verdade quando digo que é melhor para vocês que Eu vá. Pois, se não for, o Auxiliador não virá; mas, se Eu for, Eu O enviarei a vocês”. Porém, o Espírito Santo não veio na tarde nem no dia seguinte à Sua ascensão. Jesus prometeu a vinda do Espírito, mas não forneceu nem o dia nem a hora desse evento próximo, pois não caberia a eles “saber a ocasião ou o dia que o Pai marcou com a Sua própria autoridade”.
Jesus deu uns dias de folga para os discípulos. A ordem de se espalhar e de ir por todo o mundo pregar o evangelho deveria ficar suspensa até o cumprimento da promessa: “Fiquem em Jerusalém e esperem até que o Pai lhes dê o que prometeu, conforme Eu havia dito”. A espera durou dez dias. Curioso é que a maior parte dos discípulos morava em outras cidades, especialmente na Galileia. Nesse período, eles ficaram hospedados, quem sabe, na mesma sala ampla, mobiliada e arrumada onde se reuniram com Jesus antes de sua morte. O tempo foi ocupado com reuniões de oração e a escolha de Matias para assentar-se na cadeira vaga de Judas, o traidor.
Pentecostes no Cenáculo – A história está cheia de “de repente”. De repente, os sabeus atacaram os servos de Jó e levaram todo o seu gado; de repente, veio um vento do deserto e derrubou a casa onde estavam os dez filhos de Jó; de repente, chegou o dia da desgraça; de repente, o muro desmoronou e caiu no chão; de repente, apareceu a mão de um homem e escreveu umas palavras na parede branca da sala do banquete de Belsazar; de repente, a terra começou a tremer. Da mesma maneira, a descida do Espírito Santo aconteceu de repente ou inesperadamente. O evento era esperado, mas o dia e a hora eram desconhecidos. Aconteceu no quinquagésimo dia depois do Sábado de Aleluia, em dia de festa, e em dia de domingo, antes das nove horas da manhã. Naquele momento, “todos os Seguidores de Jesus, incluindo os 120 mencionados, estavam reunidos no mesmo lugar, que sabe num recinto qualquer do Templo.
O impulso inicial provocado pela descida do Espírito Santo foi algo público – em contraste com o nascimento de Jesus –, notório, marcante, inesquecível e tremendo. Houve sinais audíveis – “o barulho de um vento soprando muito forte” que enchia o recinto – e visíveis – coisas parecidas com chamas que se espalhavam como línguas de fogo. Houve também alguns fenômenos. De posse do poder e da soberania do Espírito Santo, os discípulos começaram a falar em outras línguas as grandezas de Deus. Era uma formidável mistura de louvor e testemunho. Cada um dos imigrantes de diversas procedências como Palestina, Oriente Próximo, Norte da África, Sul da Europa e ilhas do Mediterrâneo, que moravam em Jerusalém, ouvia, em sua própria língua, o que os discípulos falavam. Muitos desses estrangeiros e nativos já tinham visto fenômenos extraordinários apenas cinquenta dias antes, no dia da crucificação de Jesus, como as três horas de escuridão em pleno dia e o tremor de terra. Os mais religiosos tinham conhecimento também daquele estranho e discreto fenômeno do rompimento do véu do Templo exatamente após a morte de Jesus.
O fato é que todos em Jerusalém, tomados de admiração, não conseguiram entender o que estava acontecendo. Com a explicação do fenômeno e a pregação sobre a morte e a ressurreição de Jesus dadas por Pedro, quase 3 mil pessoas acreditaram na mensagem anunciada, foram batizadas e se juntaram ao grupo dos Seguidores de Jesus. Aconteceu naquele dia um tremendo avivamento espiritual, quando milhares de pessoas decidiam seguir o Nazareno, pela fé.
Pentecostes nas Américas – O avivamento da Rua Azusa durou apenas três anos, mas foi instrumental na criação do movimento Pentecostal, que é o maior segmento da igreja evangélica. William H. Durham recebeu o batismo no Espírito Santo em Azusa, formando missionários na sua igreja em Chicago, como E. N. Bell (fundador da Assembleia de Deus dos EUA), Gunnar Vingren (fundador da Assembleia de Deus no Brasil) e Luigi Francescon (fundador da Congregação Cristã no Brasil), dentre outros. Muitas igrejas têm orado para um Pentecostes verdadeiro, e o Pentecostes veio. Deus respondeu de uma forma que elas não procuraram. Ele veio de uma forma humilde, como no passado, nascido em uma manjedoura e, mais tarde, no Cenáculo, em Jerusalém.