Pedro de Alcântara João Carlos Salvador Bebiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Gonzaga (2/12/1825-5/12/1891) nasce na cidade do Rio de Janeiro, sétimo filho de dom Pedro I e da imperatriz Maria Leopoldina. Herda o direito ao trono com a morte dos irmãos mais velhos, Miguel e João Carlos. Tem 5 anos quando o pai abdica. É coroado aos 15, em 1841. Em 1843 casa-se com a princesa Teresa Cristina Maria de Bourbon, filha de Francisco I, rei das Duas Sicílias. Interessado pelas letras e pelas artes, mantém correspondência com cientistas europeus, entre eles Pasteur e Gobineaude, e protege os intelectuais e escritores. Durante seu reinado, viaja para várias partes do mundo, conhecendo quase toda a Europa, os Estados Unidos e o Canadá. Calmo e inteligente, é prestigiado pelo progresso que promove na economia brasileira com a introdução da produção cafeeira e a ampliação da rede ferroviária e de telégrafo. Governa o país até o fim do Império. No dia 15 de novembro é confinado ao Paço da Cidade do Rio de Janeiro, onde recebe a mensagem do governo provisório sobre a proclamação da República com tranqüilidade. Lê revistas e faz versos, conforme revela posteriormente em seu diário. Viaja para Portugal dois dias depois da proclamação da República, debilitado pela diabete. Recuperado da doença, passa a viver entre as cidades francesas de Paris, Cannes e Versalhes, onde assiste a espetáculos de arte e participa de palestras e conferências. Morre de pneumonia em Paris, no Hotel Bedford.
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São poucos relatos históricos que contam a vida do Imperador Dom Pedro II no Brasil. A historiografia brasileira pouco se preocupou em preservar os relatos do império. E depois da Proclamação da República, muito do que se tinha preservado foi jogado fora ou apagado. São poucas a informações disponíveis sobre esse período. Tentando mudar esse fato, foi elaborada uma série de curiosidades sobre Dom Pedro II, o apaixonado imperador brasileiro.
Salário do Imperador – Dom Pedro II esteve no trono brasileiro por 50 anos, mas nunca aceitou aumento na sua dotação orçamentária pessoal. Ao morrer exilado em 1891, não havia acumulado riquezas; ao contrário, deixou dívidas. Pouco depois de ser coroado, ainda com 14 anos, tratou de extinguir cargos públicos que considerava inúteis, como a Guarda Imperial, que foi recriada na República com o nome de Dragões da Independência.
Existem relatos de que Dom Pedro II pagou do próprio bolso estudos de brasileiros no exterior, que iam estudar arte, medicina e engenharia, com a condição de retornar ao Brasil e aplicar aqui seus conhecimentos. O imperador doava recorrentemente parte de seus proventos para obras de caridade e alforria de escravos. Certa vez eleenviou uma carta à Câmara Municipal com os seguintes dizeres: “Sua Majestade faz questão de saber quem pagou as carruagens que levou a Família Imperial, da estação à Cidade. Se foi pago pela Câmara, então Sua Majestade faz questão de devolver o dinheiro”.
Secas do Nordeste – Outro relato é que ao visitar o Nordeste durante uma seca terrível em 1877, o imperador prometeu ajudar a região. Entre as medidas sugeridas por uma comissão criada à época, havia a abertura de um canal para levar água do Velho Chico às áreas castigadas por estiagens, e a construção de uma ferrovia para interligar a região. As obras iniciadas em 1879 foram paralisadas pelo Parlamento em 1881 e esquecidas com o Golpe Militar de 1889. Pedro II vendeu dezenas de joias e obras de arte de seu patrimônio pessoal para financiar a obra. Por se tratar de uma obra faraônica para época, o dinheiro das joias e obras de arte acabou rapidamente e era preciso capital do governo para continuação, porém a maioria dos Parlamentares bloqueou o pedido de D. Pedro II.
Homem Admirável – Dom Pedro II era tão respeitado e admirado mundialmente que durante uma visita aos Estados Unidos, recebeu mais de 8 mil votos válidos para as eleições presidenciais de 1877, uma situação muito curiosa, já que Dom Pedro II era Imperador do Brasil. Cientista e botânico, ele tinha um observatório astronômico no topo de um dos torreões do Paço Imperial de São Cristóvão. Como inventor, criou o que seria a primeira máquina para ginastica. Seus escritos e teses em botânica são objeto de estudo até hoje. Foi também um grande fotógrafo, pioneiro e incentivador da fotografia com profissionalização. Foi ainda grande estudioso da astronomia e responsável pelo primeiro centro astronômico no Brasil.
Dom Pedro II foi a primeira pessoa no mundo a comprar um telefone da companhia de Graham Bell, e o primeiro a ter um telefone instalado na residência. Esteve no Oriente, atraído por seu grande interesse em Egiptologia, assunto do qual era profundo conhecedor. Seus escritos sobre o Egito são referência em todo o mundo.
Durante seu reinado foram construídas as primeiras e únicas ferrovias, com planos de ligar o país de norte a sul. Atualmente o número de ferrovias funcionais é menor que em todo o seu governo. Construiu Inúmeras escolas públicas e o edifício da Santa Casa de Misericórdia em 1852. Fez o Lançamento dos primeiros Cabos Submarinos para comunicação telegráfica com regiões do Brasil, e também com a Europa, em 1874. Promoveu a iluminação a gás e posteriormente a elétrica nos principais pontos do País. Ele fez reflorestamento e criou do Parque Nacional da Tijuca. Aconteceu em seu governo a criação das primeiras aldeias indígenas com proteção governamental. Os Bondes elétricos e os navios a vapor mais modernos da época eram constantemente introduzidos nas cidades e renovados logo com o surgimento de modelos mais avançados. O Brasil tinha navios mais modernos que a própria Inglaterra em 1870.
Liberdade no Império – Nenhuma residência imperial possuía escravos. Depois de adulto, D. Pedro II alforriou todos os escravos de suas propriedades particulares. Os negros que trabalhavam, recebiam salário. Deixou o legado histórico de um homem culto, que tinha temperança como uma de suas qualidades; era bom chefe de família, bom esposo, popular e admirado pelos seus súditos. O principal gabinete do Imperador havia vencido as últimas eleições com 82% dos votos, chegando a sua aprovação e popularidade de D. Pedro II a 92% junto ao povo no momento do golpe militar que o derrubou. Por isso as ações de expulsão foram feitas durante a madrugada, para evitar a reação do povo contra os miliares de Deodoro.
Durante seu reinado havia total liberdade de imprensa, e talvez nenhum político ou chefe de estado tenha sido tão caricaturado como ele. Logo após o golpe e expulsão do monarca, muitos jornais foram fechados e jornalistas foram exilados na Amazônia. Foi um homem afável e popular, e quando comparecia a eventos ou caminhava pelas ruas como um cidadão comum, era aplaudido pelo povo, o que o deixava vermelho de vergonha por ser uma persona tão avessa a pompas e elogios em demasia. Era corriqueiro vê-lo caminhar normalmente com seu amigo e médico Conde Mota Maia pelas ruas da Cidade como qualquer senhor de classe média da época.
Um Relato do Imperador – “Estava eu e mui Mota Maia andando pela a rua ouvidor quando lembro em comprar um regalo para meu neto mais moço, escolhi o agrado e fui pagar à senhorita do balcão do estabelecimento comercial, quando lhe entreguei uma nota de réis ela ruborizou-se olhando para nota onde minha velha face estava ao centro da impressão, a jovem olhou para mim e desmaiou em seguida. Mota a examinou e brevemente acordou timidamente, começou a fazer reverências que eu nunca tinha assistido ou recebido. Depois do susto saímos à calçada, avistei flores, peguei um ramo vistoso, voltei à loja e entreguei a simpática senhorita. Hoje foi um dia bom, porém sempre fico reflexivo sobre tais momentos onde fica claro que meu povo ainda me enxerga como um Rei Medieval dos contos que lia quando infante, mas vi admiração e um belo sorriso no rosto belle enfant, foi compensador.” – Diário de Pedro II, disponível na Biblioteca Nacional e no Museu Imperial de Petrópolis.
(Antônuio Joaquim Coelho da Cunha – Da Academia Duque caxiense de Letras, com adaptação)