
No mês de abril de 1925, alguns empresários do setor de sucata se reuniram no Hôtel de Crillon, na Praça da Concórdia, em Paris, para discutirem um assunto importante: a venda da Torre Eiffel. Naquela época, a atual primeira atração da França estava com graves problemas estruturais e sua manutenção tinha custo altíssimo. Tendo sido erigida na ocasião da Exposição Universal, em 1889, com altura de 320 metros e quinze mil peças metálicas soldadas entre si, estava se deteriorando e, em breve, iria ao chão.
A maioria dos franceses não a via com bons olhos. Fora erguida provisoriamente e deveria ter sido desmontada ao fim da exposição. Nesses trinta e seis anos fora danificada pela erosão e o alto custo da manutenção era assunto de insatisfação pelos franceses. A Torre Eiffel tivera papel importante durante a Primeira Guerra Mundial, em 1914, servindo como antena de rádio para captar mensagens dos inimigos e como observatório militar.
As discussões entre os políticos e o povo eram acirradas. Uns afirmavam que deveria ser derrubada, outros vendida. Nesse clima, um jornalista francês resolveu fazer uma enquete e publicou: – Devemos vender a Torre Eiffel?
Os franceses, que viam nela uma odiosa intrusão na paisagem parisiense, votaram sim; poucos votaram por sua permanência. Um comerciante austríaco de nome Victor Lustig leu a enquete e se interessou em intermediar a venda. Muito inteligente, dotado de charme europeu e inescrupuloso, costumava aplicar golpes com astúcia. Ao ler o anúncio, Victor Lustig e o comparsa americano Dan Collins elaboraram um golpe. Apresentaram-se às autoridades francesas com identidades falsas. O presidente francês Gaston Doumergue e o Primeiro Ministro autorizaram a negociata das sete mil toneladas de ferro, por lance secreto, aos sucateiros da França.
Os dois farsistas começaram a fazer contatos, um sucateiro de nome André Poisson se interessou pela compra. Foi informado, pela dupla, que participaria de uma concorrência mas, se lhes pagasse uma propina, garantiam-lhe a compra. O ingênuo aceitou a proposta e deu-lhes alta quantia. Dias depois, deram-lhe papéis com timbre e assinaturas falsas. O homem só descobriu a farsa quando foi à Prefeitura de Paris para informar sobre a operação de desmonte. Descobriu, então, que caíra em trapaça. Nada foi registrado na polícia, nem a autorização do governo e nem a propina paga pelo sucateiro.
Os dois, após o golpe, fugiram para Viena. Após alguns meses na cidade natal de Lustig, ao verificarem que nada havia acontecido e nenhuma referência ao assunto fora publicada, resolveram voltar e tentar novo golpe. O segundo sucateiro os denunciou e fugiram, agora para os EUA. Em 1935, Lustig foi preso e condenado a 20 anos de prisão em Alcatraz.
A Citroën ajudou a revitalizá-la e usou-a para anúncio da empresa, até 1934. Hoje, aos 128 anos, o símbolo da França está passando por nova revitalização, agora, para sediar os Jogos Olímpicos, o que acontecerá em 2024, em Paris.
(JÚLIA HEIMANN é poetisa e escritora, autora de nove livros.)