A “caçada” da polícia por um falso médico acabou na tarde desta quarta-feira (26), em Campo Grande, com a prisão de Marx Honorato Ortiz, de 38 anos. O suspeito estava com a prisão preventiva decretada desde março deste ano e, conforme a investigação, já esteve refugiado na Bolívia por um período. Além disso, uma mulher de 37 anos o apontou como responsável por um diagnóstico errado e pela morte do pai dela.
Marx Honorato Ortiz não quis falar com o G1. “Nós recebemos a informação do seu paradeiro aqui em Campo Grande e o possível local onde ele estaria clinicando. A investigação então manteve campana por um período e ele foi preso, na companhia da mulher e o enteado. Houve perseguição por dez minutos e ele foi abordado na avenida Roseira, bairro Bonança”, afirmou o policial que efetuou a prisão.
De acordo com a investigação, o homem utilizava o carimbo de um médico verdadeiro para, inclusive, emitir receitas. “O curioso neste fato é que o profissional é muito parecido com ele, o que nos dá a entender que ele escolheu a dedo a pessoa no qual ele iria se passar. Mas, antes dele ser identificado, nós interrogamos duas vezes o verdadeiro médico”, explicou a delegada Christiane Grossi, titular da 7ª Delegacia de Polícia.
No ano de 2014 as buscas pelo suspeito tiveram início por conta da morte de um senhor de 56 anos, em Paranhos, região sudoeste de Mato Grosso do Sul. “Ele estava atuando indevidamente em um hospital da cidade e um dos atendimentos foi deste senhor, em dezembro daquele ano. Na ocasião, a vítima passou mal por três vezes e o falso médico disse que ele poderia voltar para casa”, comentou a delegada.
A filha, em depoimento na delegacia da cidade, falou que o “pai estava vomitando sangue e tinha histórico de pressão alta”. “Mesmo com tudo isso o Marx , se passando por outro médico, cuja identidade vamos preservar, falou que eram somente problemas emocionais e que ele poderia voltar pra casa. Da última vez, a vítima ficou internada, tomou soro e morreu em seguida”, explicou Grossi.
Indignada com o atendimento, com dez horas de intervalo e três idas ao hospital com o pai, a filha resolveu registrar um boletim de ocorrência por morte a esclarecer. “A polícia de Paranhos então encontrou o verdadeiro médico e o interrogou, em Campo Grande. Este negou, por duas vezes, tirar qualquer plantão naquele município. Foi aí que o quebra-cabeça de um falsário começou a ser montado”, ressaltou a delegada.
No mesmo período, o verdadeiro médico registrou uma ocorrência por falsidade ideológica. Houve uma acareação entre o profissional e a filha da vítima que morreu no hospital de Paranhos. A prisão do suspeito, então, foi decretada no dia 21 de março deste ano e o paradeiro do suspeito apontou que ele estaria em Campo Grande.
Com a prisão, o homem permanece na delegacia. Ele tem antecedentes criminais desde 2006 e responderá agora por homicídio doloso, falsidade ideológica, exercício ilegal da profissão e desobediência.