Ao receber a grata notícia de que seria a mãe do Messias, Maria viajou de sua casa, que ficava em Nazaré, para visitar Isabel que morava numa pequena aldeia a oeste de Jerusalém e que, segundo a tradição, era Ein Karem. Quando Isabel viu Maria, encheu-se do Espírito de Deus, saudando-a com um belo cântico, que reconhecia o primogênito filho de Maria como o Messias, o Filho Unigênito de Deus. Maria permaneceu com Isabel pelo menos durante três meses. O cântico entoado ficou conhecido como o Magnificat.
Maria e Isabel eram parentes próximas. Algumas versões da Bíblia Cristã chegam a afirmar que elas eram primas; outras fontes afirmam que Isabel seria tia de Maria, devido à diferença de idade entre as duas senhoras. Isabel, segundo algumas informações, tinha 40 anos a mais que Maria. É provável que Isabel tivesse 60 anos de idade na época, enquanto Maria estaria no fim da adolescência, mais ou menos com 20 anos de idade. No entanto, não se sabe ao certo a idade das duas mulheres.
Apesar de estarem em posições em que potencialmente poderiam ser rivais, Maria e Isabel se solidarizaram. Aqui se fala de uma virgem que está grávida, ela não conheceu homem ainda; a outra, velha e estéril, mas casada, e com marido. O que se ressalta é o contraponto ao modelo de competição, de disputas entre mulheres, promovida pela sociedade patriarcal. Uma forma de contrapor o mundo patriarcal que promove a inimizade e competição entre as mulheres é a vivência entre ambas, que é definida como a aliança, a coalizão entre mulheres, que significa a transgressão política a essa organização masculina. A experiência de tornar-se sujeito é vivida como processo, e é nesse processo de constantes mudanças que se constrói a identidade das mulheres e também dos homens.
Serão cumpridas as palavras – as palavras que o anjo disse a Maria. Ela tem uma conversa com o sagrado sem a intermediação de nenhuma instituição. Maria-mulher dialoga com Deus, sem intermediação de sacerdotes, homens, igrejas, profetas. Isso é uma prova de que a palavra dele pode acontecer: Isabel, parente idosa de Maria, está grávida. A que era chamada de estéril, e sendo idosa, já está no sexto mês de gravidez. A maternidade de Maria representa justiça e dignidade para as filhas e os filhos de Israel.
Maria, como Zacarias, perturbou-se com a notícia trazida pelo anjo. Ela, no entanto, se impressionou com o significado intrigante das palavras, não com a presença do anjo. Zacarias, ao contrário, é tomado pelo medo com a presença do anjo, antes mesmo que ele lhe profira qualquer palavra. Maria questiona o anjo, da mesma forma que Zacarias: Maria recebe uma explicação do anjo; Zacarias fica mudo por não ter acreditado.
Advento é época de espera. Mas uma espera grávida de sonhos, de utopias. É a espera que desafia para a ação, para o dispor-se a correr apressadamente como Maria em direção da amiga noutra cidade, para fazer a saudação com muita dignidade.