Há uns 20 dias, a influência de Aécio Neves na agenda do governo e nas nomeações feitas por Michel Temer causava ciumeira nos aliados e até em inquilinos do Palácio do Planalto. Os tucanos cobravam caro por fornecer sua grife a uma gestão impopular, em que Eliseu Padilha e Moreira Franco mal se sustentavam nos cargos, e os principais parceiros no Congresso, PMDB à frente, estavam enroscados na Lava Jato.
O tsunami das delações da Odebrecht atingiu em cheio os tucanos. Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin até agora não conseguiram voltar à tona. Alckmin se recolheu, Serra baixou hospital e Aécio Neves não deu as caras em Brasília.
O sumiço de Aécio chamou a atenção. Afinal, sob a mesma tempestade, seus colegas Renan Calheiros, Romero Jucá, Jader Barbalho e Eunício Oliveira deram expediente no Senado.
Tudo bem que eles estão acostumados a responder às mais variadas denúncias. Aécio não. Um desses caciques do PMDB justificou o mergulho de Aécio: ele tem o couro fino, ainda não sabia o que era apanhar no Jornal Nacional. Ainda mais sendo acusado de receber propina e ser recordista de inquéritos na lista de Edison Fachin.
Mesmo com o desgaste nos últimos tempos, Aécio ainda puxava a fila dos presidenciáveis tucanos. Depois das denúncias da Odebrechet, contadas com riquezas de detalhes em vídeos, Aécio, Serra e, talvez, Alckmin já são vistos como carta fora do baralho.
Pesquisas mostram que a rejeição de Aécio disparou. Se serve de consolo, a de Lula também. Mas são meras projeções para 2018. O problema deles é como chegar até lá.
Com as denúncias da Odebrechet, a delação da OAS que está na bala da agulha, e a ameaça de explosivas revelações de Antônio Palocci, a aposta entre os políticos é de que Lula não escapa do juiz Sérgio Moro.
O drama de Aécio é que, como presidente do PSDB, não dá para ele continuar fora de cena. Tem tucano incomodado com essa postura.