O livro de Juízes conta, resumidamente, a história do período entre a morte de Josué e o início da monarquia de Israel, um total de mais de três séculos. Deus já havia revelado sua Lei para governar o povo e usou este período para tentar educar os israelitas na importância da obediência, reforçando o ensinamento comunicado por meio de Moisés no deserto.
A Era dos Juízes foi um período relativamente longo de tempo, iniciando em 1390 a.C., quando os hebreus chegaram à Palestina, e encerrando em 1030 a.C., quando o reino foi fundado por Saul e pelo profeta Samuel. Entre todos os juízes do período destacaram-se Débora e Sansão.
Numa época marcada pelo patriarcalismo, onde praticamente só os homens ocupavam cargos de liderança, uma mulher chamada Débora tornou-se uma importante juíza e profetiza. Débora liderou os exércitos hebreus na vitória contra os jebianitas, povo que disputava o controle de Canaã com os hebreus. A história de Débora está narrada nos capítulos 4 e 5 do Livro de Juízes. |
Outro importante juiz foi Sansão. Sansão simbolizou muito bem o que foi a Era dos Juízes, isto é, um período onde a fé e a organização dos hebreus enfrentou altos e baixos. Quando Sansão tornou-se juiz, tribos de filisteus haviam ocupado parte do litoral da cananeia. Os povos do mar, como também eram conhecidos, tentavam expulsar os hebreus da região. Apesar da inconstância, Sansão acabou se tornando um importante líder mantendo os filisteus afastados dos territórios hebreus.
A lista dos juízes apresentada nos doze ciclos registrados no livro dos Juízes é a seguinte: Otniel (Jz 3:7-11); Eúde (Jz 3:7-11); Sangar (Jz 3:31); Débora (Jz 4:1-5:31); Gideão (Jz 6:1-8:32); Tola (Jz 10:1-2); Jair (Jz 10:3-5); Jefté (Jz 10:6-12:7); Ibsã (Jz 12:8-10); Elom (Jz 12:13-15); Ablom (Jz 12:13-15); Sansão (Jz 13:1-16:31).
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É muito difícil conseguir estabelecer uma cronologia para o período dos juízes, pois faltam informações fundamentais para tal, como por exemplo, o período de tempo que decorreu entre o começo da conquista de Canaã com Josué e o início da opressão de Cusã-Risataim. Também existe uma grande dificuldade de interpretação em relação à somatória dos números fornecidos pelo livro dos Juízes, totalizando os períodos de opressão e de governo dos juízes, chega-se a um resultado que excede significativamente o período de tempo total aceitável para este momento histórico. Logo, devemos entender que alguns períodos de opressão e de trégua sob a liderança dos juízes se sobrepuseram, de forma que não é possível determinar por quanto tempo houve sobreposição em cada caso específico.
Com base nas dificuldades apontadas, é possível arriscar uma estimativa de como se deu a cronologia do tempo dos juízes de Israel. Entre aproximadamente 1405 e 1364 a.C. houve o governo de Josué e dos anciãos, e em 1356 a.C. a libertação, com Otniel, da opressão de Cusã-Risataim. Depois houve uma trégua de quarenta anos, entre aproximadamente 1356 e 1316 a.C. Cerca de 1298 a.C., Eúde libertou o povo dos dezoito anos de opressão moabita. Aproximadamente 1258 a.C., houve a libertação do povo dos 20 anos de opressão do rei Jabim, com Débora e Baraque, e seguiu-se quarenta anos de paz no norte até 1218 a.C.
Após o período de trégua, registrou-se uma opressão midianita de sete anos, chegando ao fim com a libertação liderada por Gideão cerca de 1211 a.C. A liderança de Gideão durou quarenta anos, até aproximadamente 1171 a.C. Depois deste período, houve o reinado perverso de Abimeleque, filho de Gideão, sobre Siquém, entre 1171 e 1168 a.C. Entre aproximadamente 1168 e 1123 a.C. houve a liderança de Tola e Jair. Depois o povo amonita oprimiu os israelitas por dezoito anos, até que surgiu Jefté em aproximadamente 1105 a.C. Após Jefté, surge o registro da liderança de Ibsã, Elom e Abdom. O livro dos Juízes relata ainda um período de quarenta anos sob opressão dos filisteus, seguindo um relato sobre as proezas de Sansão entre aproximadamente 1101 e 1081 a.C., sendo este o último dos líderes registrado.
Se a cronologia for até os relatos do livro de Samuel, acontecerá o registro da captura da Arca da Aliança e a morte de Eli em aproximadamente 1099 a.C., depois da batalha de Ebenézer, e Samuel julgando o povo entre 1079 e 1050 a.C.