
Jacó tomou das pedras do lugar, e colocou-as à sua cabeceira, e deitou-se naquele lugar. E sonhou, e eis que uma escada estava apoiada na terra, e seu topo chegava aos céus: eis que anjos de Deus subiam e desciam por ela. Esta história, que se passa há longínquos 3800 anos ou 1800 anos a.C., representa um lindo simbolismo da reflexão interior que o evangelho exerce no coração do homem.
Jacó e Esaú moravam com Isaque e Rebeca, seus pais, em Berseba, uma cidade que estava inserida em um pequeno deserto chamado pelo mesmo nome, deserto de Berseba, na região do deserto do Negev. Este é o mesmo deserto onde Abraão cavou um poço e onde ele e Abimeleque fizeram um pacto. Daí o significado do seu nome, “poço do juramento”. Este deserto era de um tipo chamado midbar ou arabah, onde havia uma pequena quantidade de chuva ao ano, que possibilitava vida animal e vegetal e numa certa época podia-se plantar. Entretanto, na maior parte do ano fazia-se necessário possuir habilidades para caça e muita resistência física.
Esaú, em sua força física, tornou-se habilidoso caçador. Caçar em uma região desértica exigia muita robustez física e mental. Vencer a solidão de imensas áreas vazias em busca do alimento. Sair e caçar, trazer o sustento pra casa era essencial para a sobrevivência da família. Desta forma, Esaú sente-se poderoso na sua cultura. Não dependia de ninguém. Acostumado a caçar e pegar o que necessitava. Em sua força, quanto mais forte, mais incrédulo se tornava. Ele passou a confiar na força do seu braço, produto do seu conhecimento. Não cria no Deus que não se podia ver. E essa incredulidade é confirmada pelo seu casamento com a mulher hetéia, adoradora de astarote, e isso foi para Isaque e Rebeca como uma “amargura de espírito”. E por isso, por depositar sua confiança em si mesmo, ele foi rejeitado por Deus.
Jacó porém era franzino. Jacó era mais delicado. Voltado para sua mãe e para os afazeres domésticos. Não tinha a robustez e o vigor físico de seu irmão mais velho. Olhando a história de Jacó, até este ponto, nada de bonito, nada de extraordinário, nada de especial encontramos para que justificasse a afirmação de Deus “amei a Jacó e aborreci a Esaú”. Em Abraão ao menos, vemos Deus se aproximando de um homem de Fé. Por isso foi chamado o pai da fé.
Deus começa a revelar seus planos de graça e misericórdia em Jacó. Assim tendo Jacó andado cerca de 100 km, na altura de Betel, a caminho da casa de seu tio Labão, irmão de sua mãe, dorme sobre uma pedra e tem um sonho da visão de uma escada, onde os anjos desciam e subiam, do Céu à Terra.
Jacó unge a pedra onde dormiu, e chama o lugar de temível, “Casa de Deus. Mas ele ainda não entendia que lugar temível é o próprio coração humano. “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do Céu e da Terra, não habita em templos feitos por mãos de homens”. A casa de Deus é o próprio ser humano. Jacó olhava e não conseguiu discernir que o reino de Deus era ele mesmo. Ele era o próprio Templo de Deus. Nós somos templos de Deus, porque Deus não habita em templos de pedras ou tijolos.