Cumprindo o restante da pena no quartel da Força Nacional após descoberta de plano de fuga da Penitenciária de Tacumbu, em Assunção (PY), o narcotraficante Jarvis Chimenes Pavão continua fazendo ameaças no país vizinho. Em entrevista a imprensa estrangeira, o narcotraficante faz ameaças contra o governo paraguaio caso for extraditado para o Brasil. Se a extradição for confirmada, Pavão deve ser encaminhado para Mato Grosso do Sul, onde tem condenações por tráfico.
Acompanhado de sete advogados, Pavão disse que ameaça entregar documentos que comprovem retirada de dinheiro para comprar equipamentos para a Inteligência da Força Tarefa Conjunta (FTC), órgão do Governo. Jarvis revelou também que a pedido do governo paraguaio participou da negociação para libertar o brasileiro de 17 anos, Arlan Fick, que era mantido como refém pelos guerrilheiros do Exército do Povo Paraguaio, no dia 25 de dezembro, 2014, quando foi libertado.
Segundo a reportagem, com ajuda de uma equipe jurídica, dentro da Penitenciária de Tacumbu, Jarvis negociou com membros do EPP e pagou US$ 500 pelo resgate. “Fui obrigado a cumprir uma série de situações para libertar Arlan”, disse Jarvis.
Ainda na entrevista, Pavão elogiou o trabalho do presidente do país, Horácio Cartes e afirmou que não é ´”estúpido” o suficiente para atacá-lo. “Eu nunca permitiria que o presidente sofresse uma tentativa de homicídio ou quem quer que seja. Isso eu nunca permitiria”, comentou.
Para Rádio Cardinal, o narcotraficante desmentiu que mandou matar Jorge Rafaat, no dia 15 de junho, em Pedro Juan Caballero, cidade que faz divisa com Ponta Porã, e falou sobre a visita inesperada do “amigo”. “Rafaat era meu melhor amigo, até recebi visita dele meses antes de morrer. Nossos filhos tem negócios juntos e sempre o defendi. Nunca fiz nada contra ele”, comenta.
Questionado sobre a crise que se instalou no Paraguai, Pavão pede desculpas ao povo paraguaio. “As pessoas que me conhecem sabem como eu sou, que tipo de pessoa que eu sou. Quero aproveitar este momento para pedir desculpas ao povo paraguaio. Eu também sou paraguaio e quero pedir desculpas por todo este desconforto”.
TRANSFERÊNCIA
Em junho, o Presidente Horácio Cartes determinou a transferência de Jarvis Pavão após a descoberta de um possível plano de fuga, que incluía a explosão de dinamites no muro do presídio de Tacumbú. O caso gerou uma crise política no país e a então ministra da Justiça Carla Bacigalipo foi demitida do cargo por não cumprir ordem presidencial.
Após saída de Pavão, o governo descobriu que o narcotraficante vivia no luxo dentro do presídio e ocupava espaço vip com salas luxuosas e usava o espaço para administrar seus negócios. A cela foi demolida no início de agosto.
Jorge Rafaat Toumani, apontado como um dos principais chefes do narcotráfico na fronteira, foi executado em atentado na noite do dia 15 de junho, em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã. De acordo com os principais jornais paraguaios, Rafaat morreu depois de ter o carro atingido por mais de 200 tiros de armamento militar, calibre .50.
No mês passado, Josiane Vanessa Zilio, de 32 anos, que teria envolvimento amoroso com pistoleiro que já prestou serviços para o chefe do narcotráfico Jorge Rafaat, também foi morta em Pedro Juan.
Josiane foi morta quando chegava em casa, no bairro Virgem de Caacupe. Pelo menos 16 tiros de fuzil e pistolas de vários calibres atingiram a cabeça de Josiane, que morreu na hora. Dois filhos dela estavam em casa e presenciaram a morte da mãe. Segundo a imprensa regional, a morte pode ter envolvimento com queima de arquivo.