Durante a inauguração do Centro de Educação Infantil (Ceinf) Eleodes Estevão, no prédio onde funcionava a antiga Escola Cenecista, na Avenida Afonso Pena, o prefeito Alcides Bernal (PP) rebateu as críticas feitas por pais sobre a qualidade do uniforme e o local de fabricação das bermudas, o Paraguai. A cerimônia acontece na manhã de hoje.
Semelhante ao ocorrido ontem (29) durante sorteio de casas populares na Praça do Rádio, o evento de hoje serviu também como palanque eleitoral para Bernal, que deve concorrer a reeleição.
Sobre a polêmica relacionada aos uniformes, que foram fornecidos pela microempresa Odilara Frassão Calçados Eirelli, do Rio Grande do Sul e que importou as bermudas do país vizinho, Bernal rebateu as críticas e classificou tudo como preconceito.
“Não é pelo fato de ter etiquetas com nome do Paraguai que se pode estabelecer um preconceito. Não, não sejamos preconceituosos. Muitos viajam de Campo Grande ou vêm de outros países para comprar no Paraguai”.
O prefeito ainda questionou se os uniformes teriam que ter sido feitos na China, Estados Unidos ou Europa. “Se lá em outro país recusarem produto com etiqueta do Brasil nós vamos ficar felizes?”.
Bernal ressaltou a importância das crianças estarem com o uniforme, recebido com atraso de quase cinco meses, e orientou para que os que participavam da inauguração perguntarem sobre a qualidade das roupas para pessoas que não tivessem interesse político.
POLÊMICA
Nos últimos quatro anos. a empresa Nilcatex Têxtil vence as concorrências abertas pela administração municipal para fornecimento de uniformes e material escolar. Já foram mais de R$ 16 milhões pagos à empresa. Neste ano, além da Nilcatex, a empresa Odilara Frassão Calçados Eireli, com sede em Sapiranga, no Rio Grande do Sul, também venceu a licitação.
O que chama atenção desta vez, além do atraso habitual da gestão Alcides Bernal (PP), é o fato das bermudas entregues aos alunos terem sido confeccionadas no Paraguai. A importação, de responsabilidade da Odilara, foi feita pela empresa Triunfo Comércio e Importação, com sede em Blumenau, Santa Catarina.
No edital lançado no início do ano pela prefeitura e encerrado em abril, não é mencionada proibição de importação, no entanto, o modelo de concorrência adotado pela administração foi justamente para dar preferência a micro e pequenas empresas, fazendo com que a economia local e regional fosse fomentada.
No decreto federal N° 8.538, que baseou a licitação da prefeitura, consta que a contratação de microempreendedores individuais neste tipo de licitação tem o objetivo de “promover o desenvolvimento econômico e social no âmbito local e regional”.
Para fornecer as 77,3 mil bermudas, a empresa Odilara recebeu mais de R$ 687 mil dos cofres da prefeitura. Com a importação praticada pela empresa, o desenvolvimento econômico acaba sendo direcionado para o Paraguai.
A reportagem tentou contato com a Odilara, mas nenhuma das ligações foi atendida até o fechamento desta reportagem. Por telefone, representante da empresa Triunfo disse que avaliaria o caso e daria retorno,
“Na entrega dos uniformes, uma equipe da Semed fez inspeção para constatar a fidelidade ao exigido no edital, tanto em qualidade, quanto em quantidade”.