O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no inquérito que investiga uma trama para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Primeiro, foram denunciados no mesmo inquérito o senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), o ex-chefe de gabinete dele Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro e o banqueiro André Esteves. Depois, houve um aditamento da denúncia, no qual foram incluídos Lula, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai. Em nota, o Instituto Lula negou a participação do ex-presidente e classificou a denúncia do PGR como “antecipaçao de juízo” (leia a íntegra abaixo). A defesa de André Esteves reiterou que ele não cometeu nenhuma irregularidade.
Janot informou sobre o aditamento da denúncia: “Se constatou que Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai e Maurício Bumlai atuaram na compra do silêncio de Nestor Cerveró para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e André Esteves, dando ensejo ao aditamento da denúncia anteriormente oferecida”.
No documento, o procurador afirmou que, além da delação de Delcídio, há “diversos outros elementos” comprovando a participação de Lula na empreitada – entre eles, o agendamento de uma reunião entre Lula e Delcídio no Instituto Lula em data próxima às negociações sobre a delação premiada de Cerveró.
O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF, analisará a denúncia. Ele vai elaborar um voto e apresentar à Segunda Turma do tribunal, composto por cinco integrantes. Se o colegiado aceitar a denúncia, Lula e os outros investigados serão transformados em réus. Não há data prevista para essa análise acontecer.
ACORDO PARA EVITAR DELAÇÃO E ROTA DE FUGA PELO PARAGUAI
O senador Delcídio Amaral foi preso no dia 25 novembro de 2015 após ter sido flagrado negociando pagamento de propina à família e ao advogado de Nestor Cerveró em troca de ele não assinar acordo de delação premiada. O senador aparece, junto com o advogado Edson Ribeiro e o banqueiro André Esteves, em duas gravações feitas pelo filho de Cerveró, o ator Bernardo Cerveró. Segundo delação do senador, divulgada pela Isto É, Lula foi o mandante dos pagamentos para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, com o objetivo de que o ex-diretor da Petrobras protegesse o pecuarista José Carlos Bumlai nos depoimentos. Na ocasião, o Instituto Lula repudiou as acusações e negou a participação do ex-presidente em irregularidade
sem autorização.