Michel Temer costurou acordo com dissidentes que prevê a decisão do partido de deixar a base aliada em um mês. Objetivo é evitar traumas internos e aglutinar os peemedebistas em torno do vice-presidente para um eventual novo governo
O grupo oposicionista do PMDB acertou com o vice-presidente Michel Temer transferir para o Diretório Nacional do partido a decisão sobre a permanência ou não no governo Dilma Rousseff. A proposta foi negociada por vários deputados, senadores e outros dirigentes da legenda nas últimas horas e será feita na convenção da sigla que acontece neste sábado em Brasília, marcada para a escolha da nova direção. Os dissidentes esperam aproveitar o desgaste natural do governo, com o agravamento da crise econômica, para sair do governo com poucos traumas políticos internos e unificados em torno de Temer. O novo diretório vai se reunir em 30 dias para a decisão final.
O acordo foi fechado na tarde desta sexta-feira depois de um longo encontro de deputados e outros convencionais do PMDB no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. Temer, que será reeleito neste sábado presidente nacional do partido, avalizou o acordo e teve o apoio do primeiro vice-presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO). Depois de eleger o novo diretório, a convenção do PMDB aprovará uma moção com as regras do desembarque do governo, o que obrigará todo militante que exerça cargo de confiança na União a pedir demissão.
Será uma espécie de aviso prévio de que o partido estará formalmente fora do governo, apesar do posto de vice-presidente da República ser ocupado por Temer. Esta solução dará tempo para que os seis ministros e outros representantes da legenda que ocupam cargos em estatais, bancos oficiais, autarquias, fundações e no segundo escalão do governo na cota do PMDB possam deixar seus cargos com poucos traumas pessoais, políticos e eleitorais.
Para evitar um embate desgastante entre governistas e oposicionistas, a convenção se concentrará na reeleição de Michel Temer como presidente do partido, o que já foi negociado e é consenso entre convencionais. A ideia de apresentar uma moção pelo desembarque do governo foi descartada pelos dissidentes para evitar constranger os seis ministros da legenda – Kátia Abreu (Agricultura), Marcelo Castro (Saúde), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Helder Barbalho (Portos) e Eduardo Braga (Minas e Energia). O governo tinha negociado a nomeação do secretário-geral da sigla, Mauro Lopes, como ministro da Aviação Civil.
Além disso, se fosse colocada para discussão e votação, a moção do desembarque do governo poderia ser contestada na Justiça, já que a convenção foi convocada formalmente, inclusive com edital, sem esta pauta. “Precisamos sair da convenção unificados em torno de Michel Temer”,