O livro Picuínhas Papais foi escrito em capítulos e versículos, numa linguagem muito peculiar do escritor Amauri Popenga, de Cascavel. Dentre tantos textos sugestivos, eis aqui o Purgatório, digno de uma boa leitura por todos os que gostam de uma boa crônica. A característica que chama a atenção: todinha com palavras iniciadas pela letra P.
Começa assim: 1 Permitiram-me penetrar palácio pontifício principal para perquirir parelha papal, proferindo perguntas previamente preparadas para presente publicação. 2 Primeiramente, porteiros precavidos pararam-me para pedir passaporte, perguntando procedência, pretensões, propósitos… 3 Por praxe preveniram-me para possíveis procedimentos protocolares. 4 Percebendo palavreado português, puseram-me perfilado para perpassar passagem privativa. 5 Passando pela porta principal, passo por passo, pude presenciar paredes palacianas perfeitamente preservadas. 6 Pupilas pasmadas perante patrimônio portentoso percebiam primorosos painéis pendurados por pilastras pastilhadas. 7 Passando pelo peristilo percebi pés-direitos prodigiosos, pórticos proeminentes, pilares pujantes projetando pináculo pomposo. 8 Pelo passadouro predominavam peças preciosas, pétalas prateadas, porcelanas produzidas por povos primitivos, pisos polidos pintados por pigmentos pictóricos. 9 Persianas pendiam placidamente pelo peitoril polimorfo. 10 Papas pareciam predispostos, prontificando-se para prestar-me pareceres pelos posicionamentos preocupantes propagados por publicações populares. 11 Pendurando palapúrpuro pelo prego, postaram-se pacientemente, puxando poltronas privadas para perto. 12 Preveniram-me para posições práticas, pragmáticas, peremptórias. 13 Poucos pretextos, portanto – previ. 14 – “Passamos para primeira pergunta”, preceituou PB.XVI, parecendo pedir presteza. 15 – “Prega pau”, proferiu PF.